O Treino do Golfe
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Modelo de Ensino do Golfe
"Do Green para o Tee"
O Ensino e Treino do Golfe
1. Introdução
1.1 O Treino no Desporto
O Treino é o processo sistemático que permite a potencialização, quando em competição, das capacidades individuais. Neste processo reproduz-se, com as devidas e necessárias variações, a essência do desenvolvimento competitivo, na perspetiva que o treino desportivo é um processo racionalizado, antecipadamente estruturado e coerente com as finalidades que pretende atingir.
1.1.1 Da base científica.
A gestão de capacidades e competências humanas são estudados com recurso ao método científico desde o século XIX. Muitas questões, hoje corriqueiras, tiveram que ser descobertas e formalizadas, garantida uma informação que norteie todos os profissionais que atuam na transformação dessas capacidades, como os Professores, os Treinadores, os Fisiologistas, e ainda titulares de outras especialidades afins com o Sistema Desportivo.
Este património de conhecimento apresenta inúmeras respostas insuficientes, várias indefinições e dificuldades de transposição para a prática. No entanto, também permitiu o extraordinário sucesso que nos tempos mais recentes se tem verificado no Desporto, precisamente porque sustentou princípios de organização do trabalho mais profícuos, aplicação de métodos mais eficazes, aperfeiçoamento de ferramentas e procedimentos e melhoria dos processos de interação.
Desconhecer ou minimizar o conhecimento impede não só a evolução do próprio conhecimento como a evolução das práticas. Assim, deve o profissional de Desporto, atender a um princípio de formação baseado no conhecimento manifestando recetividade à sua atualização. Nas profissões do Desporto a criação de uma cultura de base científica é essencial para possibilitar melhores resultados, melhorar as práticas e contrariar as atuações puramente intuitivas.
1.1.2 Da base moral e ética:
O Desporto é uma atividade humana em que o objetivo essencial é a melhoria do ser humano. Esta melhoria terá forçosamente que ocorrer a todos os níveis: físico e fisiológico, técnico, tático, moral e cívico. O sucesso de países mais desenvolvidos no Desporto é também o resultado da transferência ética da sociedade para o Desporto, e não apenas o resultado da demografia, da característica morfológica particular, ou do investimento financeiro.
O efeito recíproco também deve ser exaltado. A formação cívica que o Desporto consubstancia no respeito pelo outro e pela condição justa da competição, forma-se desde criança, afina-se na juventude e transmite-se durante toda a vida. Não só o desportista tem possibilidade de ser um melhor cidadão, como tem a obrigação de o ser, porque educado e treinado no respeito pelos outros e por si próprio reflete-se na essência competitiva do Desporto.
O Treinador forma seres humanos melhores que são também melhores desportistas, e impede a profanação do espírito de lealdade. Nesta asserção, orienta as suas práticas para a valorização da competição plena e saudável e respeito pelas características e condições de cada atleta, mas sempre, com um desejo o de vencer.
1.1.3 Da base pedagógica:
O Treinador atualiza-se e modifica-se tal como os seus atletas. Fá-lo porque sabe que esse aperfeiçoamento é essencial para chegar mais longe. Nesse propósito, preocupa-se com a melhoria sistemática do modo como atua, na transferência de conhecimento para o formando, na eficácia da sua ação educativa e na plenitude da relação humana.
O Treinador assume a necessidade de aperfeiçoar essa teia relacional que constitui a essência da pedagogia, dominando métodos de organização, demonstração, correção e estruturação do clima de aprendizagem, qualificando-se também como avaliador do rendimento, das dificuldades e da personalidade de cada formando.
1.1.4 Da base social:
O Treinador reconhece o seu papel social, no seio das instituições, das famílias e das comunidades. Ao reconhecer a sua função procura uma intervenção que, mediada pela modalidade desportiva da sua especialidade, atua indiretamente em diversos planos sociais. Este efeito amplificado e não restritivo da sua profissão, deve fazer parte das suas tarefas e métodos de intervenção, consciente de que lida com matéria essencial à formação humana, essencialmente voluntária e sensível.
É responsabilidade do Treinador promover a qualificação social dos seus atletas e assegurar a sua inserção ótima, sobretudo dos mais atingidos por fatores de exclusão. O Treinador não esquece que o seu meio de trabalho é frequentemente a mais importante via de promoção social de muitos atletas e que, nesse sentido, os deve formar também como parte integrante e referencial da sociedade. O atleta, sobretudo o mais jovem, mimetiza o Treinador e este está espelhado no comportamento dos seus atletas.
1.1.5 Da base profissional:
Ser Treinador é assumir profissionalmente uma determinada prática. Para isso o Treinador acrescenta a um código de conduta ética, o respeito pelas normas da sua profissão, em todos os aspetos da sua atividade. Respeita escrupulosamente procedimentos ético-profissionais, como a reserva de informação sigilosa, a pontualidade, a segurança de si próprio e dos outros e o fomento de uma cultura profissional da classe.
O Treinador atua nos limites da capacidade humana, em atividade que o prazer é determinante e em que a ultrapassagem é a ambição. É, por estas razões, um profissional ainda mais responsável pela satisfação de todos aqueles com quem lida, possa a sua atividade ser iluminada pela bênção do prazer do Desporto.
O treino no Desporto será sempre uma ação sistemática e organizada - integrando o formal conceito do Desporto - de uma forma racional, coerente e participada com o objetivo de aquisição de hábitos, automatismos e meios específicos em cada modalidade desportiva, de forma a constituírem-se num desempenho em qualidade e resposta em excelência em cada uma das fases do processo desportivo.
Todas as modalidades desportivas que compõem e integram o universo do Desporto, devem acautelar e prever toda uma metodologia do Treino, com base segura, rigor e com acesso a todos os recursos científicos, tornando possível ao praticante, ao atleta, ao jogador, adquirir de uma forma rápida e eficaz, com riscos calculados, os automatismos inerentes. Enfim o vencer de resistências e de oferecer soluções que afastem e reduzam a margem de incerteza e com particular incidência no potenciar dos valores humanos, físicos e técnicos dos atletas; numa simbiose que denominamos de trabalho, educação, metodologia ou experiência.
ose que denominamos de trabalho, educação, metodologia ou experiência.2. Treinador: Uma Profissão do Desporto
2.1 Código do Treinador
a) Os Treinadores deverão pautar e conduzir a sua intervenção visando os interesses, a proteção e o bem-estar dos praticantes desportivos ou dos atletas. O Treinador considerará sempre cada atleta como individualidade, ajustando a sua atuação a pessoas e circunstâncias.
b) Os Treinadores respeitarão, sempre, os direitos e a dignidade e os valores de cada ser humano, sem qualquer discriminação em função da origem étnica, religiosa, sexo ou opinião política.
c) Os Treinadores devem trabalhar de forma aberta e colaborante com o conjunto de Agentes Desportivos - Dirigentes, Técnicos de diferentes especialidades e áreas do conhecimento - na procura da melhoria qualitativa do desempenho dos praticantes desportivos e dos atletas.
d) Os Treinadores deverão estar aptos a aceitar e a desenvolver o difícil e exigente percurso do praticante desportivo ou do atleta - um ser humano - na animação, na iniciação e especialização, e em todos os níveis de participação, sempre em níveis de excelência.
e) Os Treinadores estão obrigados a desenvolver, manter, e encorajar a auto aquisição de conhecimentos sempre na mira de um elevado desempenho profissional. Os Treinadores devem entender que o sucesso assenta em saberes, princípios científicos e pedagógicos e valores culturais, e da sua aplicação num processo naturalmente evolutivo, por diferentes patamares de acesso.
f) Os Treinadores devem saber que por muito conhecimento que tenham, por muito eficazes que sejam, poderão sempre cometer erros, falhar previsões, metas e objetivos, como acontece em qualquer área de atividade do ser humano.
g) Os Treinadores deverão organizar-se e contribuir para estabelecer a formação social necessária a um processo de suporte e perseguir permanentemente uma valorização das carreiras profissionais.
h) Os Treinadores deverão estar aptos a intervir no Sistema Desportivo como agentes de mudança em todas as variáveis e fatores do desenvolvimento do Desporto.
i) Os Treinadores têm que saber prever os condicionalismos e constrangimentos que afetam as tarefas dos jogadores, dos atletas ou praticantes desportivos. A oscilação nas suas respostas e diferentes níveis de eficácia resultam das inumeráveis pressões do quotidiano, do período competitivo, das viagens, lesões, resultados não previstos, fatores emocionais, sociais, profissionais e culturais.
j) O Treinador é sempre um Educador, sabe atuar como um Gestor, e ensina como um Professor; cria, organiza, gere, concebe e prepara o futuro, sabendo ver longe e em profundidade, assumindo os riscos inerentes à nobreza e alcance dessa perspectiva. O Treinador entende que o resultado desportivo em qualquer das vias, Rendimento ou Recreação, é uma medida do sucesso ou do insucesso.
3. O Ensino do Golfe
O ensino do Golfe pressupõe a organização de um processo metodológico que tem como objetivo aclarar, ampliar e aprofundar os conhecimentos teóricos e práticos, assim como, as competências necessárias para o ensino e treino da modalidade. Visa ainda compreender o funcionamento estrutural do movimento das diferentes técnicas específicas.
Em contexto de aprendizagem é importante que se conheçam as diferentes categorias que integram o respetivo processo, na medida em que, qualquer corrente atual da ciência propõe-se emitir opiniões sobre questões específicas da prática pedagógica e da sua didática.
No processo de facilitação da aquisição do conhecimento é fundamental conhecer e dominar formas e procedimentos utilizados na transformação do saber e do fazer.
A simplificação dos processos é tanto mais necessária quanto mais complexas são as atividades motoras exigidas para uma determinada prática desportiva. O adulto que inicia uma nova experiência desportiva, com algum grau de complexidade, que é o exemplo mais comum na modalidade de Golfe, vai forçosamente exigir uma clareza e simplificação dos processos do ensino-aprendizagem. Assim, para este grupo etário, como condicionantes a ter em conta, poderemos considerar o tempo, sempre limitado, e a necessidade de uma rápida eficácia que permita atingir níveis de satisfação próprios de quem já tem sucesso profissional, elencado com um conjunto de objetivos exequíveis para cada tarefa específica proposta.
Neste sentido propomos que as aprendizagens dos "Skills" de golfe se processem numa perspetiva metodológica sequencial: "Do Green para o Tee"
Este modelo pressupõe uma iniciação e aprendizagem por objetivos, desenvolvendo tarefas de complexidade crescente, sem, contudo, intercalar outras que desenvolvam sensações quinestésicas, criando necessidades progressivas de treino nas diferentes técnicas da modalidade, nomeadamente: "Putting"; Chipping; Pitching e Full Swing.
Qualquer das técnicas referidas devem ser abordadas com ênfase nos elementos críticos básicos a saber: Postura, Pontaria, Pega e Posição da Bola (PPP&P), seguindo-se o Alinhamento e a Base de Sustentação (Stance) (ABS)
4. O Ensino e Treino do Golfe
O ensino e treino do Golfe pressupõe a organização de um processo metodológico que tem como objetivo aclarar, ampliar e aprofundar os conhecimentos teóricos e práticos, assim como, as competências necessárias para o ensino e treino da modalidade. Visa ainda compreender o funcionamento estrutural do movimento das diferentes técnicas específicas da modalidade.
5. Metodologia
O desenvolvimento dos conteúdos é apresentado em três áreas que envolvem os aspetos fundamentais do jogo de golfe: o jogo no "green", tacadas de distâncias curtas, médias e longas. Apresentamos igualmente, uma estratégia metodológica para a aprendizagem e treino dos principais gestos técnicos da modalidade, no que respeita ao seu movimento principal (swing). Propomos ainda que as aprendizagens devam ser iniciadas pela área do "jogo do green", na medida em que, esta área de jogo proporciona ao praticante principiante a possibilidade de alcançar com algum "sucesso" a colocação da bola num alvo (objetivo final do jogo), que é o buraco propriamente dito. Este método que vamos abordar, respeita um dos princípios fundamentais da aprendizagem, isto é, do fácil para o difícil, do simples para o complexo, acelerando os procedimentos para a conquista do sucesso: introduzir a bola no buraco.
Noções de linha do alvo, posições de colocação do corpo e contacto da face do taco com a bola (contacto sólido), são apreendidas mais facilmente com a proximidade do alvo, tendo em conta a reduzida amplitude do movimento necessário para fazer deslocar a bola para o alvo.
Numa perspetiva de progressão pedagógica, após a aprendizagem do "Putt" dever-se-á seguir a aprendizagem do "Chipping" seguido do "Pitching" e finalmente do "Swing" completo. No entanto, no envolvimento da modalidade, dever-se-á proporcionar ao praticante a possibilidade de, com reduzidos requisitos técnicos, a experimentação e sensibilização do movimento de rotação completo (Swing), contribuindo assim para sua motivação e dando resposta às expectativas de sucesso, através de situações lúdicas ou formas competitivas adaptadas ao praticante, mas mantendo-se a estrutura sequencial e o respetivo ênfase naquelas componentes técnicas.
No que respeita à profundidade, isto é, ao nível de exigência, a desenvolver para cada componente crítica do "pré-swing", recomenda-se que as mesmas, sejam associadas duas a duas e treinadas com ajuda de meios auxiliares de ensino em cada uma das três áreas já referidas, da seguinte forma e sequência:
- Postura e Base de sustentação;
- Pontaria e Pega;
- Alinhamento e Posição da bola;
e numa perspetiva do seguinte diagrama: